Ele acordou de manhã bem cedinho Sentou na cama, deu uma espreguiçada Bateu a terra, calçou a botina Vestiu a calça de brim remendada Andou no quarto, abriu a janela Com a camisa desabotoada Ficou ali por uns 15 minutos Ouvindo o canto da passarada Gostosa brisa da fresca manhã Trazia o cheiro da terra molhada No horizonte, que então clareava Ficou olhando a barra avermelhada Ergueu os olhos e disse: Obrigado! E arrematou com a voz embargada Que tinha tudo, no pouco que tinha A paz de Deus na singela morada! Ele não era qualquer um Lembro e o meu pranto cai Ele, aquele homem rude Foi meu herói, meu tudo Foi meu querido pai! Pisando estrume ele entrou no curral Pra tirar leite da vaca malhada Foi na biquinha encheu a purunga Pegou a lima e amolou a enxada Tratou dos porcos também das galinhas Pôs o chapeu de palha trançada E então pegou o caminho da roça Pra mais um dia de luta pesada! E foi um dia, ele não acordou No prego, a calça ficou pendurada Ninguém bateu a terra da botina E a janela continuou fechada Naquele dia ele não foi pra roça Sentido oposto, foi por outra estrada Eu fui com ele, mas voltei sozinho Não voltou mais pra singela morada! Ele não era qualquer um Lembro e o meu pranto cai Ele, aquele homem rude Foi meu herói, meu tudo Foi meu querido pai!