O fogo do sol beija a brasa das solas Sopra um vento longo pelo céu sem cuidados Me conta a clara história de todas as suas sombras Ave língua, Ave terra Pousa a rã no lago raso Apaga de mim o que é da aparência Saudade são ovos só num ninho de ausências A sombra se esconde entre a luz das tuas velas Afoga-se a lembrança no doce rio demência Se o fio dessa vida enrosca-se entre as duas mãos Se a felicidade é uma doida varrida, varrendo o sertão Se é só arenauta num ventre sem tempo que gera universo Nos diga grande ave rosa de onde vem os teus versos Aproveite-se esperança tonta a ânsia de um futuro Que o presente pula o muro E ainda há tempo de acertá-lo Pedras cate em redes Arapucas pelos lados Pois tudo que aqui pensas Logo chama-se passado Se o fio dessa vida enrosca-se entre as duas mãos Se a felicidade é uma doida varrida, varrendo o sertão Se é só arenauta num ventre sem tempo que gera universo Nos diga grande ave rosa de onde vem os teus versos