Hoje te escrevo querida Pra matar minha saudade Pra saber de ti e dos filhos Como estão na faculdade Me conta do dia-a-dia Se vocês todos tão bem Se ainda resta mesada Se a Prenda namora alguém Me dá notícias daí, Sobre o nosso capital Aqui o gado tá gordo Está lindo o milharal Me informe o preço da lã Do boi gordo e do cordeiro Por favor, olhe a poupança Me responda bem ligeiro Mês que vem vou com uma tropa Compromisso com a charqueada Três dias de chão batido Curtindo poeira da estrada Me espera com o mate bueno E uma "bóia" de panela De vestido encarnado Na moldura da janela Ah! Já ia me esquecendo Do Juca, nosso caçula Que andou lá pela serra Tropeando cavalo e mula Ele também vai com a tropa Pra matar esta saudade Da mãe dele e dos irmãos Prisioneiros na cidade Finalizo este chasque Escrito com muito afeto Um abraço bem cinchado A ti, aos filhos e ao neto Quando eu for levo na mala Charque gordo, erva e mel O resto vai com a saudade No lombo deste papel