Pelo galope do vento Pelo balanço do mar Pelo engenho e talento Da gente peninsular Zarpando da pouca sorte, a galope DA magra vida em Lisboa, indo à toa Deram-se ao mar, quase à morte E viram terras de Goa Somos filhos do vento Somos filhos do mar Somos filhos dos filhos Dos peregrinos do mar Em vagas e tempestades Arranques e turbilhões Bateram forte as saudades Dentro daqueles corações Alguns pela fome comidos, vão torcidos Pelo escorbuto engasgados, são lançados Alimentando tolhidos Os peixes do mar salgado Somos filhos do vento Somos filhos do mar Somos filhos dos filhos Dos peregrinos do mar Nunca perdendo a coragem Nas noites longas e escuras Rogando à cruz que os salvasse De monstros e criaturas Por ilhas e continentes, e orientes Foi tão longe a travessia, quem diria Que se cruzaram as gentes Nascendo a lusofonia Somos filhos do vento Somos filhos do mar Somos filhos dos filhos Dos peregrinos do mar