Como é lindo de se ver Um fandango na fronteira Brasileiro e castelhano Se entreveram noite inteira. Gasta na sola da bota Tapando o salão de poeira Se descaderam dançando No corcóvio da vaneira. Esse fandango bagual Quanta torta não desmancha Golpeando um trago de canha Seu coração se deslancha De beretta corre os olhos Nos olhos de uma pinguancha Da de mão e pede boca E já sai abrindo cancha. Sob a luz do candieiro Desmaiada no salão Se vê no mais que o gaiteiro Não é de afrouxar o garrão Se desmunheca tocando A velha gaita de botão Bate o pé e grita alto Êta que fandango bom. Esse fandango buenacho Que entrevera o gauchismo A velharada se assanha Debochando o reumatismo Até o padre vai pra dança Esquecendo o catecismo Fandango de três fronteiras Numa lição de civismo. Como é lindo de se ver Um fandango na fronteira Brasileiro e castelhano Se entreveram a noite inteira. Gasta na sola da bota Tapando o salão de poeira Se descaderam dançando No corcóvio da vaneira.