Um homem alto pala branco, lenço rubro Naquele outubro se chegou num alazão E a china linda flor do campo no cabelo Foi recebê-lo na entrada da salão. Saltou do pingo que ali ficou grameando E foi saudando a peonada da fazenda Num gesto puro de vaqueano da paixão Beijou a mão que lh'estendia aquela prenda. Isto é minha gente num encontro domingueiro Amor campeiro, telurismo e sentimento Olhos brilhando e corações que palpitam Coisas bonitas esquecidas pelo tempo Antes do almoço ajudou na marcação Num redomão boleou a perna e se deu bem Depois com ela foi falando do seu jeito Que dói no peito sentir saudade de alguém. De tardesita bordoneando uma guitarra Numa chamarra versejou seu xucro oficio Pros empregado declamou fanfarronada Pra china amada um soneto do aparício. Homem rural é cabriúva e não se ilude Estampa rude cascurrenta e não dá flor Mas lá por dentro é lenha boa e perfumada Voz afinada quando se fala de amor. Ta sempre pronto pra farrancho e pataquada Companheirada de escorar balcão de venda Mas o gaucho por mais taura e topetudo Larga de tudo por um sorriso de prenda.