Meu verso é canto de galo clarinando na alvorada É uma tropilha domada de fletes com procedência Meu verso é como sinuelo guiando a tropa na estrada É fogões nas madrugadas, nos ranchos desta querência Por isso, encilho milongas quando meu verso é de campo E saio mirando o manto azul celeste do dia Porque meu verso campeiro traduz a simplicidade Dos homens com liberdade que habitam as sesmarias Meu verso também é triste, contém mágoas de saudades Dos que foram pra cidade deixando campo e galpões E, hoje, habitam cortiços, sufocados em favelas E cantam suas mazelas sofrendo as humilhações E cantam suas mazelas sofrendo as humilhações Meu verso é canto e lamento dos que vivem desgarrados Pobres tauras embretados, sofrendo em espigões Homens de sorte maleva que, iludidos, partiram Levando sonhos consigo pra viver desilusões Por isso, encilho milongas quando meu verso é estradeiro E vou campear os campeiros, crioulos deste lugar Os tantos que já se foram e, hoje, rebuscam os pilas Pelas ruelas das vilas e não conseguem voltar Meu verso também é triste, contém mágoas de saudades Dos que foram pra cidade deixando campo e galpões E, hoje, habitam cortiços, sufocados em favelas E cantam suas mazelas sofrendo as humilhações E cantam suas mazelas sofrendo as humilhações