Prosa dos Lenços Luiz Carlos Lanfredi Chico Brasil O nosso lenço campeiro, velho parceiro de luta Simboliza as tradições, dos tempos da vida bruta É uma herança partidária, que campeou seu ideal Testemunho da história, desse Rio Grande bagual O meu lenço foi tingido, com sangue dos farroupilhas Peleou dez anos a fio, nas mais sangrentas guerrilhas Hostentando a valentia da nossa raça caudilha Implantou a liberdade no lombo dessas coxilhas Meu lenço republicano, nasceu branco castilhista Foi um bravo nas peleias, foi soberbo na conquista Governou a ferro e fogo com norma positivista Não cedendo aos maragatos o poder federalista O meu lenço maragato, liberal federalsita Em 93 foi guerreiro, foi tribuna ativista Peleou contra o lenço branco dos pica-paus legalistas E se fez libertador combatendo os castilhistas O nosso lenço campeiro, traz cheiro de campo e céu Aquerenciou no gaúcho, entre a bombacha e o chapéu Um gaúcho bem pilchado, estampa a simplicidade Mais sem lenço no pescoço, perde sua identidade Trêmulando aos quatro ventos, o lenço se fez canção Se expandiu Brasil afora, é gaúcho em qualquer chão Meu lenço branco borgista, governou mais uma vez Me batizaram chimango nas urnas de 23 Com temor de Assis Brasil o maragato caudilho Meu lenço se fez história, passando de pai pra filho Meu lenço cinza xadrez, o carijó companheiro Nunca foi politiqueiro e nem provocava alvoroço Mais conforme o vento vai, não fica comprometido Não faz parte de partido e nem escolhe pescoço Lenço vermelho é maragato lenço branco é chimango O preto é luto respeito, este não vai a fandango É gaúcho igual aos outros, de bombacha espora e mango Procedência castelhana lá da província do tango