De acordo com meu sistema, sem gritaria ou fusarca Encilhei o mouro negro, que ganhei batendo carta Foi o cavalo mais lindo, que carregou minha marca Parecia um monumento, no seu vulto bem talhado Pêlo de Brasil escuro, puxando pro azulado Ancas de aparas mulatas, nas janelas dos sobrados Upa, upa dê-lhe pata, que eu nasci sobre os pelegos E morro levando junto recuerdos do mouro negro Quem é domador conhece, o que é flor e o que é veneno Não é crime nem ofensa, se o bicho não der dos buenos Mas este flete eu lhes digo, mal pisoteava o sereno Num retoco em cancha rasa, foi o meu pingo mais louvado E desconheço outro igual, pra cruzar um rio à nado Sempre com o mesmo balanço, em chão parelho ou quebrado Nos rincões continentinos, da querência guarani Campeando paixões perdidas, andejamos por aí Era a estampa do centauro, dos meus tempos de guri Como disse o Juca Ruivo, índio campeão num poema Quando eu volver pra minha terra, que eu deixei sem dar um buenas Quero voltear meu cavalo, só retumbando as chilenas