Na estância do pensamento, um dia parei rodeio E na lembrança me veio, os meus tempos de guri O lugar onde eu nasci, desfilou na minha mente Numa tela colorida, pedaços da minha vida Pude rever novamente Entre um chimarrão e outro, num devaneio insconsciente Vi o passado presente, deixei de sentir saudade O vigor da mocidade, tomou conta do meu ser Me vi montado no pingo, numa manhã de domingo Respirando alvorecer Dei rédeas para o meu pingo, percorri toda a fazenda Dei um pulo até a venda, que fica em frente à escola Examinei a sacola, meu material de escrever Vi uma moça encantadora, era a minha professora Que me ensinou o ABC Parceiros das domingueiras, caçadas e pescarias A menina que eu queria, avistei junto ao jardim Olhou sorrindo pra mim, do jeito de quem consente Te quero vem me abraçar, contigo vivo a sonhar Te amarei eternamente Sobre o lombo do meu pingo, galopei nas pradarias Passando nas Três Marias, havia carreiramento Meu velho pai pacholento, num zaino negro fogoso Enfrentava uma disputa, com certeza absoluta Que seria vitorioso Assim segui chimarreando, naquele mundo encantado Revivendo o meu passado, foi quando a cuia roncou O roncou me despertou, voltei à realidade Sentindo a impressão, que o amargo do chimarrão Tinha gosto de saudade