Eu sou um velho carreiro, hoje eu vivo recordando O tempo da mocidade eu vivia carreando Nas terras do bambuzal meu carro ia cantando Cheio de toras pesadas e a boiada ia puxando Nos topes mais perigosos ai ai as pedras iam rolando Hoje eu choro de saudade daquela vida carreira No tronco era o boi maiado, cabeçalho era o figueira Na guia e no contra guia o garimpo e o madureira No quadro de frente eu tinha boi zambuja e palmeira Tourinho e prata fina ai ai, dois reservas de primeira Quando eu olho pro mangueiro, vejo as tábuas penduradas Eu chego até na porteira não vejo mais a boiada Saudade bate em meu peito sinto uma tristeza danada Só vejo meu velho carro com suas rodas trincadas O pranto rola em meu rosto ai ai, por não existir mais nada Foi setenta e seis janeiros, que vivi lá no sertão Setenta e seis primaveras foi pra mim satisfação Hoje só resta saudade daquele meu tempo bom Adeus meu tempo passado só resta recordação Carro de boi e boiada ai ai, vivem no meu coração