Voltei na roça pra matar minha saudade Mas recebi uma tempestade de emoção Ouvi um carreiro gritando com a boiada Que caminhava passos lentos no estradão Eu me lembrei de quando eu era carreiro Doeu meu peito, apertou meu coração Com o Sol quente, a boiada já cansada Ouvia o grito do carreiro no grotão Vai, vai boiada Grita o carreiro com a guiada na mão Vai, vai boiada Cada pisada esmaga meu coração Reconheci de longe o carro cantando Que lá na grota ecoava sem parar Segui as marcas das rodeiras na estrada No pé da serra eu consegui alcançar Quando eu vi aquele carro que era nosso Não me contive e comecei a chorar A mesma esteira que ajudei papai fazer E os fueiros de broto de tambuatá Vai, vai boiada Grita o carreiro com a guiada na mão Vai, vai boiada Cada pisada esmaga meu coração O canto triste do carro naquele dia Da minha mente até hoje não saiu Porque foi ele que levou meu velho pai No campo santo no dia que ele partiu Trago comigo essas lembranças verdadeiras De um carreiro que amava carrear Só peço a Deus que quando eu também partir Com esse carreiro lá no céu quero encontrar Vai, vai boiada Grita o carreiro com a guiada na mão Vai, vai boiada Cada pisada esmaga meu coração Vai, vai boiada Grita o carreiro com a guiada na mão Vai, vai boiada Cada pisada esmaga meu coração