Aquela espora de ferro De roseta enferrujada Que nunca deixei de usar Durante minhas tropeadas Quem me deu foi meu avô Homem sério e de valor Também de poucas palavras Quando me deu de presente A velha espora estimada Me disse, tem muita honra E nunca troque por nada Pra disfarçar a emoção Uma antiga canção O velhinho assobiava Muitas vezes, nos rodeios Ou mesmo nas tropeadas Quando esporeava meu pingo Para jogar uma armada Parecia até ouvir O bom velho repetir Essa espora é muito honrada Quando olho a velha espora Lá no museu pendurada Logo me vem na lembrança Todas aquelas jornadas O que sinto no meu peito Nem sei explicar direito Uma saudade malvada Muita gente passa e olha O museu lá na avenida E a velha espora fica Por muitos despercebida É um objeto e, enfim Tem valor maior pra mim É mesmo assim essa vida