Menino de feira que chega cedinho Trazendo o carrinho para trabalhar Nos olhos traz sono da noite comprida Que droga de vida, que vida sem lar O estômago ronca de fome e vazio Descalço e com frio precisa levar Pro pai que doente espera acamado Os poucos trocados que ele ganhar Menino de feira Rolando na vida Igual a descida Do seu rolimã O ontem foi triste O hoje é tão negro E espera com medo Seu pobre amanhã Menino de feira que serve a madame Verduras e inhame no carrinho traz Em meio a fartura morrendo de fome Menino sem nome de tudo é capaz A tarde na várzea chutando uma bola Não vai à escola futuro não tem Na várzea da vida aquele menino É pelo destino chutado também