Trago um poema que surge dentro do peito Lembranças xucras que rebrotam do passado Certos motivos que me invadem de algum jeito Pra manter vivo um peão enforquilhado Da janela, já não miro o campo aberto Que eu recorria montado em um tostado Não restaram os palanques de puro cerno Deixaram tristezas que carrego no costado Os meus arreios já não encilham mais cavalos Guardam na história e mantém sua relevância Um grão se achega e nos derruba em um só pealo Com a seiva verde, que enche os olhos de ganância Não ouço mais os mugidos do gado Ficou o ronco de um motor para a colheita Um tempo novo agora parte desgarrado E deixa pra trás a simbiose tão perfeita A planta encerra um ciclo na safra Quando germina e garante o sustento Transforma todos os sonhos em realidade Ceifa a ilusão de um mundo mais lento