Eu sou igual a uma flor despetalada Que não tem perfume nem valor Eu sou aquela roupa estragada Que alguém comprou e não usou Eu sou aquela pipa engraçada Que o menino fez e não voou Eu sou aquela rima complicada Que o poeta em versos não falou Eu sou a soma Que não da nada Eu sou aquela estrada Que não leva a lugar algum Eu sou o livro Que não ensina nada Sou página rasgada De uma história que é tão comum Eu sou aquele encontro planejado Que de última hora então falhou Eu sou aquela carta sem resposta Que diz que acaba um grande amor Eu sou aquele pranto escondido Aquela dor sofrida por alguém Eu sou aquele pai que espera um filho Que vai voltar da guerra e nunca vem Eu sou a soma Que não da nada Eu sou aquela estrada Que não leva a lugar algum Eu sou o livro Que não ensina nada Sou página rasgada De uma história que é tão comum Eu sou a soma Que não da nada Eu sou aquela estrada Que não leva a lugar algum