Quando a lua branquinha se mistura Com o sorriso matuto da menina Traz o vento ,o aroma da campina Dando a mata acanhada, a formozura Quando a núvem cinzenta, meio escura Cobre o rosto da lua, o mundo inteiro Silencia e sorrir sentindo o cheiro, Da rezina rozada romã, Deus do céu abre as conchas da manhã Com perfume de flor de cajueiro. O lençol do espaço muda a cor Uma estrela passeia em grande estilo A orquídia acomula em seu pistilo Todo néctar que tem, pro beija flor O pequeno azulão, feito um tenor, Diz que é, da floresta, o seresteiro, Saltitante por entre o nevoeiro Feito um príncipe a procura de uma fada, Vai rompendo o frescor da madrugada, No perfume da flor do cajueiro. Quando dá 5 horas da manhã O perfume da flor do cafesãl Pinhão rõxo, alecrim e laranjal, Da um clima de paz, do alto à chã Coleirinha, tisiu, guriatã, Se agazalham no velho juazeiro, O fiel jataí chega primeiro Pousa leve na onta de uma folha E depois de posar faz a escolha De partículas de flor de juazeiro. Boticário, poético colibrí, Mostra toda ciência de um mago Quando beija uma flor dando um afago Desabrocha um pequeno maturí, Com um manto amarelo o bem-te-ví Aparece na copa do coqueiro, Parecendo um profeta verdadeiro Fecha as asas na ponta de um galho Bebe a última gotinha de orvalho Numa pétala da lfor do cajueiro. Quando o vento do novo entardecer Tras da relva o perfme de alfazema O xexéu ,acalenta com um poema, Um filhote que acaba de nascer Quando a mãe vai buscar o que comer, Fica o pai ,vigilante alvissareiro, Ajeitando no ninho, o travesseiro, Onde o filho adormece na penúgem, Com pedaços de folhas de babúgem, E essência de flor de cajueiro. Baraúnas, frondosos coqueirias Dão um tempo no colo da aurora Num encontro da fáuna com a flora Numa orquestra de lindos sabiás Buritís, goiaibeiras, araçás Cada um representa o próprio cheiro Mas da selva o espírito aventureiro Segue um mito, e conduz a sua saga Bebe a fonte, adormece e se embriaga No perfume da flor do cajueiro. Nos cabelos da moça campenzina Na espuma da água do riacho Na ramagem que brota flor de cacho No orvalho da hora matutina Na babúgem de folha crespa e fina Na fumaça que sobe do boeiro, Nas costuras da roupa do vaqueiro No chapéu do cabôclo agricultor No alforge do velho caçador Tem perfume de flor de cajueiro.