Odilon Ramos

Um Gaudério no Planeta Atlântida

Odilon Ramos


Eu "tava" sem fazer nada 
E um primo meu meio louco 
Não se falando sério, 
Não sei se prá fazer pouco 
Me convidou para ir num tal de Planeta Atlântida, 
Nem te conto, que sufoco. 

Conhecer outros planetas 
Vontade sempre me dá 
Já mandei até bilhete pra um marciano me buscar 
Porque no campo onde eu moro 
Não tem condução pra lá. 

Chegando no tal Planeta, 
Eu até fiquei contente 
Por ver que o povo de lá até parece com a gente 
Tem zóio, nariz, zoreia e a boca 
Cheia de dente. 

O meu primo que usa brinco 
Se entreverou no banzé, 
Todo mundo corcoveando 
Batendo as "mão" e os "pé" 
Quiseram me botar brinco, e eu disse: 
Tá me estranhando, sou "home", não sou "muié". 

Um magro disse pra mim: pô e eu disse pô 
Eu falei que o planeta dele é quase igual de onde eu sô 
E o magro disse pro outro: A pinta aqui "viajô". 

Um me pediu erva e eu não sou de qualquer porquera 
Fui na mala de garupa e peguei uma da palmeira 
Cadê tua cuia, tua bomba e tua chaleira 
O magro cheirou minha erva e disse: 
Tá por fora, se não entra na minha porque não vai embora. 
A gente aqui não aceita grosso de bota, bombacha e espora. 

Eu fiquei meio chateado mas não levei muito a mal 
Não gostei do tal de rock como fundo musical 
Prefiro o violão do Paulinho ou a gaita do Monteiro 
Pra "dizê" um verso bagual. 

Nisso passou uma guria "muy" linda, de mini saia 
Me olhô de alto a baixo com os "óio" assim de lacraia 
To tri a fim de ti cara, vamo lá na minha "baia" 

Mas minha mãe me avisou: Filho não se comprometa 
Te cuida com a tal de "AIDS" que é uma praga no planeta 
Falei isso pra guria, ela ficou uma cobra 
Sai daqui pinta careta, o jeito foi ir saindo 
Com gosto de sal. 

Por sorte encontrei um grupo de freio, rédea e buçal 
Que era a companheirada que vinha na cavalgada, 
Percorrendo o litoral. 

Adeus Planeta Atlântida, vou voltar pro meu planeta 
"Pro" meu cavalo, meu cusco, meus bois e minha carreta 
"Ovelha" não é pra mato e quem não pode não se meta