Ali, na beira da sanga Naquela pedra bem grande Onde ao teu lado sentei Risquei, com meu canivete As iniciais do teu nome E o dia que te encontrei Quanta lembrança bonita Um instante assim Nos deixa pra se recordar depois Acho, que até a sanguinha Passando naquela pedra Tem saudade de nós dois O teu riso misturado Com o riso da correnteza Brincando nos pedregulhos E os nossos pés dentro d'água Alterando a voz da sanga Bolindo com seus arrulhos Os teus olhinhos ariscos Acompanhando os meneios Da dança dos lambaris E inticando com a gente Lá de cima de um pinheiro Gritavam, dois bentivis Abre a boca, e feche os olhos E uma pitanga vermelha Nos teus lábios vermelhou Sem dizer roubei-te um beijo Que foi o beijo mais doce Que a minha boca provou Vi teu rostinho corando Vi teus olhinhos brilhando De susto, medo, e emoção Vi outra sanga brotando Da vertente dos teus olhos Pro rio do meu coração Hoje ali na mesma pedra Inda ouvi o riso da sanga Que o teu riso me lembrou E aquela felicidade Foi semente de pitanga Que a correnteza levou Quanta lembrança bonita Um instante assim Nos deixa pra recordar depois Acho.. Acho que até a sanguinha Passando naquela pedra Tem saudade de nós dois