Olho pras nuvens em busca da forma que não me transtorna E me conforta de maneira que reanima a calma morta Abrindo a porta da imaginação, levito nas reflexões Rabisco no céu, rasgado pelos aviões E mentalizo em tudo que preciso, de jeito preciso Me organizo em busca de motivos para um bom sorriso É possível esboçar a trilha em cima das nuvens Mas com pé no chão, precaução, senão elas te iludem Talvez mudem, dependem das milhões de percepções Naves, carros, armas, corações, também dragões Que não cospem fogo e mesmo assim queimam teus neurônios Dão toques surreais em meus internos pandemônios Pois me fazem, saber que olhares para o céu trazem A permissão para que sentimentos extravazem Tenho calma, versados purificam-me de trauma Dilato minhas idéias feito poros numa sauna Valho-me de cada olhada nessa arte insana Cachola queima feito chama, corpo deitado na grama Mas do sono desdenho, a lucidez mantenho Globo ocular vira pincel, que pelo céu desenho Propagam-se ativos, fabricam tais alívios Com toda positividade me faz ter convívio Desbravo o infinito já me sentindo bem vindo Onde combato mitos sobre Cúmulus e Nimbus [Refrão] Nuvens, olho pras nuvens São como meus tormentos, fazem movimento E são levados pelo vento Nuvens, olho pras nuvens Voando lento, se empurrados pela brisa Pelo céu passam correndo Nuvens, olho pras nuvens Entender tento e me contento Em saber que são decifradas pelo tempo Nuvens, olho pras nuvens Me lembram pensamentos Claros de alegria ou nublado por meus lamentos E tipo o sol aclarar, todo o brêu expurgar Como nuvens brancas, palavras francas no ar Sinceridade pura que deletam ondas obscuras Entregando a cura, pra ser liberto da clausura E quando o céu tá limpo, também significa o próspero Tão expressivo, quanto barulho de helicóptero Algo tão vivo, transforma em curativo o mórbido Esparecido fico, tomo distância do tórrido E é lógica a serenidade estampada no meu rosto Exploro o céu com os olhos, semblante tranquilo exposto Cara de quem não deve, gargalhada breve Pra quem se atreve a sonhar, até em Salvador tem neve Não faço greve de pôr os pés no solo Mas planando pela estrada lamacenta é bom que não atolo Decolo em cavalos alados, deixo rabiscados Há trinta mil pés de altura, vários anjos grafitados Eternizados feito tatuagem no divino No tom esbranquiçado das nuvens que me defino Traço singelo, bela obra estilo pintura Levados pelo sopro vão fugindo das molduras Parecem vivas passeando pelo azul gigante Chegada a noite, mostram todo seu cinza marcante São como afagos ou corte brusco de foice Naqueles que pensam que são feitas de algodão doce [Refrão] Nuvens, olho pras nuvens São como meus tormentos, fazem movimento E são levados pelo vento Nuvens, olho pras nuvens Voando lento, se empurrados pela brisa Pelo céu passam correndo Nuvens, olho pras nuvens Entender tento e me contento Em saber que são decifradas pelo tempo Nuvens, olho pras nuvens Me lembram pensamentos Claros de alegria ou nublado por meus lamentos