Minhas irmãs, meus irmãos Se assumam como realmente são Não deixem que suas matrizes, que suas raízes Morram por falta de irrigação Ser nortista e nordestino meus conterrâneos Num é ser seco nem litorâneo É ter em nossas mãos um destino nunca clandestino Para os desfechos metropolitanos Hei! Nortista agarra essa causa que trouxeste Nordestino agarra a cultura que te veste Eu digo norte vocês dizem nordeste Norte Nordeste! Norte Nordeste! Hei! Nortista agarra essa causa que trouxeste Nordestino agarra a cultura que te veste Eu digo norte vocês dizem nordeste Norte Nordeste! Norte Nordeste! Rasgo de leste a oeste como peste do sul ao sudeste Rap agreste norte-nordeste epiderme veste Arranco roupas, verdades poucas, imagens foscas Partindo pratos e bocas Com tapas mato essas moscas Toma! Eu meto lacres Com backs derramo frases ataques Atiro charques nas bases dos meus sotaques Oxe! Querem entupir Nossos fones a repetirem nomes Reproduzindo seus clones se afastem dos microfones Trazem um nível baixo Para singles fracos, astros de cadastros Não sigo seus rastros, negados padrastos Cidade negada como madrasta, enteados já não arrasta Esses órfãos com precatas Basta! Ninguém mais empata Meto meu chapéu de palha sigo pra batalha Com força agarro a enxada Se crava em minhas mortalhas Tive que correr mais que vocês pra alcançar minha vez Garra com nitidez rigidez me fez monstro camponês Exerce influência, tendência Em vivência em crenças destinos Se assumam são clandestinos Se negam não nordestinos Vergonha do que são Produção sem expressão própria Se afastem da criação morrerão por que são cópias Não vejo cabra da peste só carioca e paulista Só frestyleiro em nordeste não querem ser repentistas Rejeitam xilogravura o cordel que é literatura Quem não tem cultura Jamais vai saber o que é rapadura Foram nossas mãos Que levantaram os concretos os prédios Os tetos os manifestos, não quero mais intermédios Eu quero acesso direto às rádios palcos abertos Inovar em projetos protestos arremesso fetos Escuta! a cidade só existe por que viemos antes Na dor desses retirantes com suor e sangue imigrante Rapadura eu venho do engenho rasgo os canaviais Meto o norte nordeste o povo no topo dos festivais Hei! Nortista agarra essa causa que trouxeste Nordestino agarra a cultura que te veste Eu digo norte vocês dizem nordeste Norte Nordeste! Norte Nordeste! Hei! nortista agarra essa causa que trouxeste Nordestino agarra a cultura que te veste Eu digo norte vocês dizem nordeste Norte Nordeste! Norte Nordeste! A chama da vela que reza Direto com santo conversa Ele te ajuda te escuta Num canto colada no chão, mas sombras mexem Pedidos e preces viram cera quente Pedidos e preces viram cera quente A fé no sufoco da vela abençoada no dia dormido O fogo já não existe ali saíram do abrigo São quase nada A molecada corre e corre, ninguém tá triste A molecada corre e corre, ninguém tá Se tudo move se o prédio é santo Se é pobre mais pobre fica Vira bucha de balão ao som de funk E apertada tua avenida A cera foi tarrada Não se admire Se tudo move se o prédio é santo Se é pobre mais pobre fica Vira bucha de balão ao som de funk E apertada tua avenida Ah Ah Ah a tua avenida Ah Ah Ah A cera foi tarrada Não se admire Eu digo norte vocês dizem nordeste Norte Nordeste! Norte Nordeste! Hei! Nortista agarra essa causa que trouxeste Nordestino agarra a cultura que te veste Eu digo norte vocês dizem nordeste Norte Nordeste! Norte Nordeste! Eu digo Oxe e vocês dizem Oxente Oxe, Oxente! Oxe, Oxente Eu digo arri e vocês dizem égua Arri, Égua! Arri, Égua! Eu digo Rappa e vocês dizem dura O Rappa, dura! O Rappa, dura! Eu digo norte vocês dizem nordeste Norte Nordeste! Norte Nordeste! Sou coco e faço cocada embolada bolo na hora Minha fala é a bala de agora é de aurora e de alvorada Cortando o céu da estrada do nada eu faço de tudo Com a enxada aro esse mundo e no estudo faço morada Sou doce lá dos engenhos e venho com essa doçura Contenho poesia pura, a fartura de rima tenho Desenho nossa cultura por cima e não por de baixo Tu não sabe o que é isso? Isso é o Rappa e Rapadura Hei! Nortista agarra essa causa que trouxeste Nordestino agarra a cultura que te veste Eu digo norte vocês dizem nordeste Norte Nordeste! Norte Nordeste! Hei! Nortista agarra essa causa que trouxeste Nordestino agarra a cultura que te veste Eu digo norte vocês dizem nordeste Norte Nordeste! Norte Nordeste! E o melhor daqui já foi foi foi Chuva de gente estranha cai, cai cai O nosso bucho fica pra depois E o que foi, já foi, não vai voltar jamais E o melhor daqui já foi foi foi Chuva de gente estranha cai cai cai O nosso bucho fica pra depois E o que foi, já foi, não vai voltar jamais O cabra não fala inglês e dizem que sou abestado Pois não tenho um atestado e só falo nordestinês Tu rai me dai, o rale dei Ta ralendo, rela lá atrás A barrela já ta demais é um rai e rem que nunca acaba É uns que sobra outros desaba E o que foi não volta mais