Eu sou um gato preto Em cima dos telhados Eu tenho os olhos da noite Eu capturo milhares de ratos Humanos, pobres humanos Achando que vão me domesticar Desapareço entre as sombras Mesmo que alguém consiga me pegar Ainda tenho oito vidas! Eu sou um caramujo De água doce, uma alma rastejante Me escondo em minha concha Porque todos dizem que eu sou repugnante Eu sei de tudo, eu sou as vozes Vozes que me atormentam todo dia Eu sou os sonhos e delírios Provenientes da minha esquizofrenia Eu sou a folha que me esconde! O espelho não me mostra quem eu sou Posso ter asas mas não sei pra onde vou Não passo de uma memória desfigurada Uma fotografia desbotada Eu sou uma Sequoia Tocando um céu nublado Às vezes chove, às vezes Traço formas no céu estrelado Bem longe da verdade Meu tronco já foi arrancado Eu falo por meio de uma história Impressa em meu papel A4 Ainda sinto muito medo! Eu sou um camaleão Me camuflando todo dia na cidade Eu sou uma larva efêmera Completando uma hora de idade Fecho os olhos, me jogo Do penhasco que me ensina a planar Eu fui nadando ao fundo E a luz do Sol passou a me amedrontar Eu me escondi fechando os olhos! O espelho não me mostra quem eu sou Posso ter asas mas não sei pra onde vou Não passo de uma memória desfigurada Uma fotografia desbotada