Volto para casa a pensar na mesma coisa. Mas, vendo bem, a coisa até mudou. Não necessariamente para melhor. Ou melhor… Para melhor, para melhor: quando a coisa muda é sempre para melhor. Ainda que volte para casa a pensar na mesma coisa. Ou noutra coisa que é a coisa, se mudou. Independente, intrasigente, e ainda completamente indiferente ao que eu quis, ao que eu fiz e ao que eu sou. Eu já fiz de tudo para definir a coisa. E, engraçado, a coisa é tudo o que eu não sou. Não desespero mais, sei que esperando de vez em quando se a coisa muda é porque algo em mim também mudou. Então, espera um pouco por mim. Já foi maior a aflição. Eu já estive mais perdido só de olhar o mapa da palma da mão. E agora em casa penso já numa outra coisa, não nessa coisa em que a coisa se tornou.