Depois do tal leilão A Mariquinhas, com fé Deu-se d'alma e coração Ao Porto, e vive na Sé Com as tralhas no passeio Sobre a troça das vizinhas Enervada, a Mariquinhas Sem medo do devaneio Zangada tirou do seio Um antigo medalhão Saudosa recordação Que guardava com amor Seu derradeiro valor Depois do tal leilão Não fazendo caso delas Passou pelo penhorista E com o dinheiro à vista Foi à feira de Odivelas Com a maior das cautelas Comprar em boa maré Um *burro* cor de café E pedindo a Deus mais sorte Pôs-se a caminho do norte A Mariquinhas com fé O *burro* tinha manias Era teimoso, era torto Mas lá chegaram ao Porto Ao cabo de quinze dias Pondo fim às arrelias A Mariquinhas, então Alugou um rés-do-chão Com o resto do dinheiro E àquele pardieiro Deu-se de alma e coração Como viu valer a pena E até gostava do ócio Tratou de arranjar um sócio Que é um tal Gil de Vilhena Que de mão firme e serena Sabedoria e gajé Pôs o fado ali de pé Hoje em dia a Mariquinhas Deu o cofre e as tabuinhas Ao Porto, e vive na Sé