A Viradouro num canto de fé Vem exaltar a mulher Com as bênçãos de xangô, kaô kaô De alma lavada eu vou! Vem da Bahia, essa Maria guerreira De alma cafuza, de paixão vermelha Onde o branco espelha A memória dos nossos ancestrais Na luta por liberdade e paz Oxum, rainha das águas escuras do Abaeté Lugar comum, onde as lavadeiras ensaiam um canto de fé Pedindo ao astro rei que aqueça a manhã Do mar aberto de Itapuã Jangadeiro joga a rede, vai ter peixe a granel Guaricema, robalo, peixe galo e xaréu No fuá do mercadejo vou vender na freguesia Realizar o desejo de comprar minha alforria Em romaria lá vão as Marias rumo a salvador No dorso o erê, no corpo o cansaço Milhares de passos, vencendo a dor As aguadeiras vendem água de beber Em sinfonia o vento agita os balangandãs Quituteiras e artesãs participam da festança Ao som do malê a ciranda é a dança Seus atabaques unem orun-ayê Os pés já calçados, os punhos cerrados Sonhos realizados, igualdade então Ao sagrado a sua devoção Na lavagem da escada da matriz da conceição