A cancela lá da frente há muito assiste a potrada Passando em disparada pro fundo do mangueirão É o movimento de campo que na alma já fez ninho Ouvindo os passarinhos da cunheira do galpão A parceria dos mates o meu velho me ensinou Aprendeu com meu avô, e a herança segue seu trilho Para encurtar as distancias do sofá do apartamento Vou sorvendo esses momentos repassando pra o meu filho Lá fora talvez um dia viverás o que vivi Nos meus tempos de guri, refazendo os meus caminhos Ao grito de um quero-quero, seguindo os passos teus Vou reencontrar nos meus, o abraço que mais quero - A cancela tão distante, fez casa aqui no meu peito Se aquerenciando com jeito na esquerda desta região E os movimentos de campo se desataram da alma Bebendo a vida com calma, no açude do coração Sei que a cancela estará esperando algum retorno Amargando o abandono dos que deixaram o rincão E do caminho da frente desse terreiro de luxo Sempre terá um gaúcho mateando lá no galpão Meu filho, talvez um dia, sentirá o mesmo afeto Ao repassar pra os meus netos o que aprendeu no caminho E o grito do quero-quero lá na cancela da frente Replanta sempre a semente pra vida voltar ao ninho