Nilton Ferreira

Baile do Bigode

Nilton Ferreira


Com este toque de gaita e pandeiro
Eu lembrei de um fato que aconteceu comigo 
Já era mais ou menos meia tarde 
Quando me veio um piá 
Me trazendo um chasque do baile lotado 
Lá no bolicho do véio Bigode 
Pra estreiar o assoalho que fez no puchado
E eu que não sou acanhado larguei desse jeito

Afiei o formiga engraxei o meu trinta 
Já bebi por dentro da bombacha nova 
Me fui a fanfarra tentear umas mazurca 
Num tordilho bueno que não se retova 
Entrada barata e de sobra fartura 
Dizia nas tábua pregada ao moirão 
Convidando a indiada a se achegar na festa 
E o preço das coisas escrito a carvão

Cinco pila pros home livre pras moça
E de Ibirapuitã o gaiteiro boerano
Cinqüenta centavo o martelo de canha 
Dois pila a caneca de vinho serrano
Vendemo docinho, bolo de milho 
Cerveja, gasosa e fritemo pastel
Favor entregar o revolver na copa 
Aqui não se dança de espora e chapéu

E eu convidei uma prenda e saí chuleando aquele taboeiro
E o velho Bigode, parecia um piá, gritava de vez em quando 
Cuidado com os vinho tinto indiada 
O assoalho é novo, Deus o livre manchar

Lá de vez em quando uma rodada de canha 
Por conta da festa de inauguração 
E pascemo à noite a gaitaço e pandeiro 
Peleia de mango de tapa e facão
No que apontou o sol serviu uma sopa 
E distribuiu bala pra quem tava lá 
Entregou os trabuco e pediu pra indiada
Atirem pra cima pra comemora 

Cinco pila pros home livre pras moça
E de Ibirapuitã o gaiteiro boerano
Cinqüenta centavo o martelo de canha 
Dois pila a caneca de vinho serrano
Vendemo docinho bolo de milho 
Cerveja, gasosa e fritemo pastel
Favor entregar o revólver na copa 
Aqui não se dança de espora e chapéu