O vento soprava no seio da mata no sertão de Camburí, E o grande espírito anunciava um novo milênio. Vindo lá do outro lado do ocêano, O alabê chega na pequena aldeia de pescadores em São Sebastião. E só depois de ter sido iniciado pelo seu amigo pescador, Ele teve consciência da grandeza do mito. Após recupera-se da longa viagem, Partiu para a floresta que outrora fora habitada por bravos guerreiros, Tupiniquins e tupinambás. E o senhor das matas completa o ensinamento. Na ânsia de encontrar aquilo que procurava, O guerreiro percebeu na intensidade do verde, Na beleza das flores, na pureza das nascentes, O verdadeiro sentido da vida e da morte. Abraçado ao tronco da grande árvore Chorou esperando a noite chegar. Envolta da fogueira para aquecer do frio, Ele cantou e dançou a dança da criação. Mas só com a chegada do sol, teve início ao ritual. E tudo ganhou formas no universo: A terra, as plantas, os animais, os rios e o mar… E da lámina afiada no cáule do guapuruvú, nasceu a Marintambocanoa. E com seus tambores de embaúba e bambú, Fez ecoar na imensidão do mundo a magia do som. Eternizando o símbolo da canoa no encantamento da música…