Diretamente da pélvis do pinguim! Acordei de manhã e tinha um rap pra escrever Essa vida de griot não tá fácil pra viver Sentei na sala e liguei a televisão Comendo doce de leite e duas fatias de pão Lento tipo lesma É o ritual das manhãs Subi no busão, fugindo no meio das vans Passei pela roleta mandando cambalhota A galera do outro lado achou graça e me deu nota Um parceiro levantou com cara de psicose Disse pra eu tomar cuidado com a minha escoliose E depois dessa nóia sentei no meu lugar Colado na janela à sombra dos jacarandás Mas não tem jacarandá de onde sai o meu busão E se tem uma parada que tem muito é vacilão E esses palhaços não entendem o que eu tô sentindo Ah, vai rolar mais sangue que filme do tarantino Esse rap não é sobre nada especial É o rap do 315 que eu peguei na central E se o flamengo não ganhou não tem nada de anormal É o rap do 315 que eu peguei na central Parando no primeiro ponto subiu um rapaz Com uma cara de lagartixa e falando de paz Fiz minha jaculatória mas continuei na mão A catequese não acabava e não tinha explicação Bateu aquela sensação que algo ia dar errado E num é que deu? Sentou um paulista do meu lado Cientista político, era chato pacas Eu não entendia bulhufas do que ele falava Começou em perestroika e acabou em gorgonzola Eletrofunk no meu fone, eu fingia que dava bola E de pirraça ele falou o que não podia falar Bolacha, não! Biscoito, manolo! Vai se ferrar! Cheio de dor de cabeça, tomo ibuprofeno Tem gosto de baunilha, mas é um puta veneno Falta muito pra chegar mas penso em ficar na pista Com certeza é melhor que o solilóquio do paulista E ele salta antes de mim, vem um ajudante de ourives O jovem gafanhoto é meu amigo victor yves Com um colete mais feio que a dilma num blindex Que deixava ele igualzinho a um tiranossauro rex Dois ninjas entraram e assaltaram a gente Mas eu só tinha um palmito e um melão fluorescente Esqueci de um detalhe, o assaltante era anão E não sabia usar crase igual metade da nação Aquilo foi meio estranho, pensei "eu devo estar sonhando" E a arquitetura da cidade foi logo desmoronando Lembrei daquele filme que eu vi mais cedo Que tem o mesmo diretor que o do homem morcego Tava na minha escrivaninha, no apê de nilópolis Do lado de um frasco de spray de própolis Uma orgia de jumento e o maçarico ligado Eu ainda tô dormindo ou já tô acordado? Um búfalo veio, me ofereceu um pudim Eles não costumavam ser tão legais assim Uma antena parabólica? Isso é meio randômico Vou acordar de vez antes que fique mais cômico Toca um disco daqueles que toca dentro do espírito União de onomatopéias num sentido lírico E constrói mais um berro, vindo de detrás da porta Eu tô na sala de espera pro exame de próstata Na tua virilinha pode crer que eu não caio Mas se tá chovendo merda, irmão, eu sou um para-raio Usei todos os comentários, pra não rolar neurose Pneumoultramicroscopicossilicovulcaniconiose