Eram duas caveirinhas que se amavam Sentadas na cacatumba do sumitério Uma com a rosa murcha na mão direita A outra a coroa enferrujada na cabeça Pulavam a noite inteira de cova em cova Enquanto o guarda dormia Enquanto o guarda dormia Faziam tanta bagunça na madrugada Assustando veio, menino e a mulherada Jogaram até umas pedras nos penitentes Apagavam as velas que o coveiro acendia Fugiram bem de mansinhas, pulando o muro Enquanto o guarda dormia Enquanto o guarda dormia Em vida uma delas era bodegueira Que a outra caveira, só queria amar Enquanto o guarda dormia Enquanto o guarda dormia