Vou viajar pro sertão Lá praqueles cafundó Para ouvir cantar de novo Chitãozinho e Xororó Ver poeira de boiada Transformar nuvem de pó Numa casa de caboclo Vou permanecer um pouco Nem que for um dia só Do menino da porteira Eu não vou me esquecer Meu amigo rei do gado Também preciso rever Saudades da minha terra É o que me faz padecer Lá na curva do areião Onde morreu pai joão Uma prece eu vou fazer Onde morreu ferreirinha Eu faço questão de ir E lá na paineira velha João-de-barro quero ouvir De no colo da noite Tenho intenções de dormir Não posso deixar de ver Rio de lágrimas correr E uma chalana partir Na capela do divino Vou ficar o dia inteiro E recordar com saudades O amigo chico mineiro Ver no berrante de ouro As mágoas de um boiadeiro Vou recordar com tristeza Da tal cabocla Tereza Que traiu seu companheiro Na sombra do pé de cedro Vou lembrar do caminheiro Lá no mourão da porteira Recordo os três boiadeiros Vou ver na estrada da vida O sonho de um caminhoneiro No fuscão preto eu regresso Trazendo estes simples versos Para todos os brasileiros