Pelas colinas desta minha terra Até aonde nossa vista alcanca A verde mata parecia um mar encapelado por pontas de lança Eram milhares de copadas altas que se erguiam de um duro chão Foram semeados pelo criador que de uma ave fez a sua mão De cada fruto que aqui caia uma semente ia germinar Eram pinheiros que enchiam matas, cobriam campos de um verdejar E cada planta que nasceu da terra cresceu bem forte como voz unida Pra ser adulta levou tantos anos muitos mais anos que as nossas vidas A motoserra deitou as matas e espantou os animais Nossos pinheiros foram caindo como tombados por vendavais Passaram anos e as gerações já não encontram os pinheirais Sem ter pinhão pra replantar, a gralha azul não se vê mais Ainda me lembro que os papagaios chegavam em bandos ao entardecer Nos grosso galhos iam se aninhando se protegendo do anoitecer E quando as nuvens traziam chuva toda a floresta se encharcava Nossos meninos buscando abrigo nos grossos troncos se encostavam Das araucárias que aqui nasceram fizeram casas pra tanta gente Se esqueceram que lá nos campos faltaram os ninhos e as sementes Depois de anos de derrubadas o que era verde mudou de cor A mão do homem não replantando a mão a mão de Deus voou, voo