Não faz sentido ter por perto A constante lembrança da dor Não faz sentido que você siga aqui Dançando nas feridas Privando minha vida De prosseguir em frente e esquecer Não faz sentido ter ao peito Quem não me tem apreço E tenha tantos dedos Para tecer laços com quem me apunhala Que diga não ser nada E saiba proferir problema teu Que é tão miserável tudo isso Morar sem ter abrigo Seguir com o receio de outra vez O chão se abrir e ser abismo Tão vil trazeres contigo o fedor do perigo Ao estenderes as mãos E moldares a justiça Em malditos tons de cinza Hesitares tanto em me defender Pesando teus ganhos e perdas Fechando tuas cortinas E me deixando ao relento para morrer Mas hoje sei enfim o quão pior É ter oculto ao final Que o mal maior é quem me diz contes comigo E me chama de igual enquanto me espanca invisível Hoje sei que comigo nem a sombra fica à escuridão E que no fim a falta é o inimigo E melhor estar sozinho Que ter irmãos que lhe cospem o pão