Preta velha cachimbeira Fica sempre a tarde inteira Na porta do barracão No seu banquinho sentada Contando pra garotada Passagens da escravidão Preta velha é diferente Sua voz tão comovente Também gosto de escutar A mim traz tanta lembrança Que ao meu tempo de criança Eu bem quisera voltar Hoje, num triste resumo Em baforadas de fumo Contou um caso de amor Era um dia, uma escrava Muito feliz e que amava Lá no engenho, o feitor E nessa reminiscência Traindo-lhe a consciência Chorando, assim terminou Que me vale a liberdade? Sendo escrava da saudade Que nunca mais me deixou Nunca mais me deixou A saudade