Nelson Gonçalves

Asa Branca

Nelson Gonçalves


Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei pra Deus do céu
Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornalha,
Nenhum pé de plantação
Por falta d'água, perdi meu gado,
Morreu de sede meu alazão

Inté mesmo a asa-branca bateu
Asas do sertão
Entonce eu disse: adeus, Rosinha
Guarda contigo meu coração

Hoje longe muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão

Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro, não chore, não, viu
Que eue voltarei, viu, meu coração