Piso em meu passado Chão de pedra bruta Cada passo em falso esfacelam me as lembranças Chove o céu da boca O tempo desmancha Na foz das palavras afoguei ideias ocas Quis desmoronar Queres me tingir de estrela em pó Versos a deriva Mil fotografias Num pretérito imperfeito sobram no naufrágio Desta melodia Som de mar bravio Se o arpejo ergue a nota, a onda lhe desmonta Arquiteto em vão Argamassa em mim de sangue e sal Guardo o som desfeito Solto a minha fera Para que devore este pudor que me represa Canto meu segredo Beijo seus sentidos Pra que a voz inflame o incêndio de quem ama Resistir é vão Não há tradução para o amor