Eu mim chamo Nélio, refugiado mano Estou pagando o preço do passado caro e claro Abandonei a terra que não vejo a vários anos Estou buscando ser feliz numa terra monta Apenas com a roupa do meu corpo eu carrego O medo de atravessar o mar vermelho a noite Num barco feito a bambú e pouca manivela Sem calçado o calcanhar vira a própria fera Segurando o coração pelas suas pontas Rumo ao velho continente nem que custe a vida Abandonei a minha terra em busca do racismo O que fazer se não tenho tecto pra dormir Mano estou a fugir de uma guerra fria Com meu filho perguntando pai onde que vamos Eu digo filho vamos de uma paz com racismo Onde vais morrer um preto emigrante Emigrante aquilo que eu sou, órfão dessa terra sem nenhuma terra mãe Abandonado pelo o pai desde muito puto Emigrante aquilo que eu sou, órfão dessa terra sem nenhuma terra mãe Abandonado pelo o pai desde muito puto De cabo delgado já não falo tô lixado a besta Já tenho a mala pronta só mim falta a sua nota Tô buscando ser feliz numa terra monta Onde o preto vale pouco do que a sua fronta Grito no silêncio de quem chora por gaivotas Alucinado tenho a vida a custo de uma bota Vendo o sofrimento infantil pela janela Aquilo que eu sinto mano nunca fica nela Transbordar em cada verso até tocar os céus Sonho de papel em branco visto como um fraco Onde ser um preto significa escravidão A luz dia eu vejo cinza nessa escuridão Mano estou a fugir de uma guerra fria Com meu filho perguntando pai onde que vamos Eu digo filho vamos de uma paz com racismo Onde vais morrer um preto emigrante Emigrante aquilo que eu sou, órfão dessa terra sem nenhuma terra mãe Abandonado pelo o pai desde muito puto Emigrante aquilo que eu sou, órfão dessa terra sem nenhuma terra mãe Abandonado pelo o pai desde muito puto Emigrante aquilo que eu sou, órfão dessa terra sem nenhuma terra mãe Abandonado pelo o pai desde muito puto Emigrante aquilo que eu sou, órfão dessa terra sem nenhuma terra mãe Abandonado pelo o pai desde muito puto Então eu vou tocar a sua alma com meu verso Fugir da vida como quem viu a morte perto é Eu vou pular o muro lá do outro lado mano Eu tô sonhando com esse mundo sem a minha voz Escrevo no papel tenho medo dessa vida O vento sopra e leva tudo nessa vossa brisa Esse muro de arame eu vou pular sozinho Sem alcate eu vou cortar apenas com meu rap Agora mim respeita ouve apenas essa voz Flutuando nesse mar sem destino claro Usando a bússola do meu pensamento horizontal Enquanto o filho esperando o pai Natal em dezembro Mano estou a fugir de uma guerra fria Com meu filho perguntando pai onde que vamos Eu digo filho vamos de uma paz com racismo Onde vais morrer um preto emigrante Emigrante aquilo que eu sou, órfão dessa terra sem nenhuma terra mãe Abandonado pelo o pai desde muito puto Emigrante aquilo que eu sou, órfão dessa terra sem nenhuma terra mãe Abandonado pelo o pai desde muito puto