E de repente, era um, eram dez, eram milhares Sob as asas azul da liberdade, nascia o estado de Palmares Mas não tardou, e a opressão tentou calar não conseguiu O brado da vida contra a morte, no primeiro estado livre do Brasil Forjando ferro de Ogum, plantando cana e amendoim Dançando seus batucajés, pilando milho e aipim Fazendo lindos samburás, amando e vivendo enfim Durante cem anos ou mais, Palmares viveu assim E a luta prosseguia, contra a ignorância e ambição Até que surgiu Zumbi, nosso Deus, nosso herói, nosso irmão Ciente de que nenhum negro ia ser rei, enquanto houvesse uma senzala Ao invés de receber a liberdade, Zumbi preferiu conquista-la E depois de mais três anos de guerra, o punhal da traição varou Zumbi Foi a 20 de novembro, data pra lembra e refletir E quase 300 anos depois, um brado forte varonil Ainda vem de Pernambuco e Alagoas, e se espalha pelo céu desse Brasil Folga negro de Angola que ele não vem cá Se ele vier Quilombola, pau há de levar