Mão firme no volante, olhar frisante na estrada E na playlist um soul funk com a garganta entalada A mente voa distante, as lágrimas são navalhas Cortando a sangue frio o que restou da minha alma A minha direita a garrafa da vodca importada Que não importa mais nada, vazia, ali, jogada Um olhar, uma voz, um perfume barato Encontrei um fino mofado, esquecido no carro É lua nova e das horas eu ja não tenho ideia A 120 o ponteiro, acende a luz da reserva Estrada vazia, como minha vida real Cheia de melancolia de dor, tristezas e tal Não sei bem pra onde vou, nem se eu consigo chegar Mas o meu chip fritou e a minha cota é vazar Se a gasolina acabar, ou se o sol me acordar Só vou aumentar o volume, ainda mais, pode pá O barulho do meu silencio passivo me mata A minha mente maltrata, o coração arregaça Não vou parar de gritar, não vou parar de cantar Rasgar o peito e gritar, pra ver se a dor alivia! E já passei bolado, de uns três limites de estado Mental, insano, surtado, me sinto amordaçado Ébrio, louco, chapado, dou play num rock pesado A nossa trilha sonora fazendo amor no meu carro Sob as águas de março, beirando à serra de Santos O amor ficou no passado e eu relembro cantando Adrenalina aumentando, piso mais fundo, acelero Executando meus planos, passando pelo alfabeto Os dez primeiros falharam, os dez seguintes vingaram Pros outros seis que restaram, os meus recursos zeraram Tomei um porre de vida, pra alinhar as ideias Da minha perspectiva, tá tudo errado! Não... Pera! Mais um gole dessa fita, papel, caneta e já era Fica mais leve a escrita e de todo mal me liberta Hey RAP... Há quanto tempo sou rap? Há quanto tempo, fecha o tempo cheio de pé de breque? Pausa pra foto, sorriso, historias pra quem que serve? Memória curta, mente chula, me diz, pra quem que serve? Outra garrafa de uísque e o orgulho mancha com álcool E ta no loop aquele trap com o volume estourado O carro perdeu a força, morreu no meio da estrada To parado no acostamento, há milhares, longe de casa Perdido na madrugada, somente a lua e mais nada Não sei dizer o quanto falta, pra despertar alvorada No porta-luvas uma arma com uma bala no tambor S... T.... U... V.... X.... O plano z não falhou