Somos farelo de pão, poeira de estrela Artesanato pra enfeite de poema Somos um carro engrenado descendo a ladeira Abraço forte, sorriso da mãe suprema A gente corre pra lá A gente corre pra cá Respira fundo que é pra não pensar besteira Esbarra em gente que até vale a pena Tudo vale a pena Minh'alma num é pequena não Minha alma num é pequena não Somos aposta no jogo Conversa de bar Somos adendo, onde é só detalhe o beijar Só quem foi de inventar esse mundo pra explicar: Como que o peito apertado ainda consegue cantar? Somos Rio Nilo Somos isso, também aquilo Boiando no breu Somos Navio de Teseu Somos mobília sem lar (mas) Somos febre de mudança (eu) Sou dura faxina no lixo em meio ao armário da lembrança (e) Somos colheita dada a semente que planta Caetaneando igual Novo Baiano Em Sampa Somos o brinde às leis do afeto e ao nosso cantar Molhar a palavra com a família: coisa santa Haverão milhões de sóis Brilhando na Luz de Tieta Mostrando sermos O Mistério do Planeta Haverá milhões de nós Buscando desvendar: 'Como que o peito apertado ainda consegue cantar?' Escuta Somos a paz que não se encontra em conta gota não Caneta e coração Padrão e exceção Só a reticencia dá sentido ao escrivão... Pois Somos farelo de pão, poeira de estrela Milagre raro que não cabe num poema Somos comunhão que se faz sem ter bandeira Se é crime recusar metade traga a algema Não quero Te dar o resto da minha vida não Se te ofereço é prato cheio Capricho no tempero E se não for pra ser inteiro Pode crer que não