Equilibrista na beirada do abismo Quem sabe caia ou talvez vá voar Noite cerrada, ferro, fogo, batismo Anjo nenhum vai conseguir me escorar! Vai com açúcar ou prefere adoçante? Anjo-da-guarda se recusa a provar Nada a perder, nada a ganhar Enlouquecer ou delirar E eu ainda insisto em andar Onde os anjos não ousam pisar Na matinê morro de tiro ou de tédio Se Deus morreu quem é que vai me enterrar? Prefiro o brilho do meu próprio remédio Anjo-da-guarda se recusa a olhar A camisinha você trouxe, meu bem? Deixa, meu anjo, que eu não vou gozar Nada a perder, nada a ganhar Enlouquecer ou delirar E eu ainda insisto em andar Onde os anjos não ousam pisar Alma vazia, vendi todos os móveis Levei na troca pó-de-pirlimpimpim Luz na neblina, solidão, automóveis Molhado asfalto das esquinas de mim Abandonado por meu próprio destino Fazendo força pra seguir sem pensar Dentro do peito agonizando o menino Que se perdeu porque não soube chorar Se não tem cura eu toco um tango argentino Olhando o anjo que não sabe dançar Nada a perder, nada a ganhar Enlouquecer ou delirar E eu ainda insisto em andar Onde os anjos não ousam pisar Onde eu passo sem ter que pensar Nenhum anjo consegue voar