Eu não conheço a palma da minha mão. Entre tantos cruzados de linhas, E mais de um veio principal Onde descambam as águas dos meus dias. Não tenho noção do que seja a palma da minha mão, Reconheço, e já é volumoso As coisas que toco, a embaralhar meu destino. Reconheço, quando a espalmo frente aos olhos, Alguns poros suados, o anel centenário, A cor, que coincide com a cor do meu corpo inteiro. Na aventura a que me lancei, Em me procurar e me achar, Em algumas partes de mim deu pra ver Outras nem que eu virasse o mundo o contrário Daria para medir, saber, esboçar. Alguém, como eu, desconhece, numa vista frontal O seu crânio, seu cabelo, tal como são? E conhece seus buracos - só na cabeça contam-se sete- Afora os outros por onde se mete Nosso temor, dizer explorar. E os seus encontros de mãos e pernas, Como uma árvore, quem conhece? O por trás todo, ninguém sabe o que é. Sabemos dos outros, também minúcias, Nada de definido se sabe O que conhecemos de nós mesmos Também os outros conhecem, E somos mais conhecidos por eles, Do que por nós, da mesma forma inversa. Se por fora de nós pouco sabemos, Imagine um devaneio por dentro.