O poeta escrevia e refreava a inquietude Para observar de uma posição doçura Se o que havia feito eram versos ou pinturas. O poeta catava das rosas o seu cheiro e ficava em êxtase, Tirava das pétalas mais envelhecidas Aquelas que fazem sombra ao galho Suas tintas matizadas, E aí compunha o resto do poema, E sua escrita invariavelmente, Era um contraponto no último nó Na boca dos proclames das diferenças Dos que contava nos dedos, Proletário, bóia fria, indigente, Negro alforriado, corações aperreados Dos que têm sede, como ele sentia. gente. E por vê-los gente E só ele os via no dia e na noite, Não largava a tinteira, E com os dedos borrados de cores que não mais se distinguia, De que rosa tritura foram extraídos, Ele, almado, talvez o que mais expusesse a sua, Lançava pela janela papéis com inícios malogrados, Tintas com os tons mais misturados. E lágrimas, vertidas da nascente de sua alma