O tempo tece a roupa que vestimos É o destino suas mãos habilidosas, Que em tudo muda os feitios, as aparências. E o acabamento, a amarração firme Dos pontos atravessados, ponto a ponto. É este denominado assim porque, Não é sujeito e também sujeito a nada Mas tudo rege elevado da gente E de cada um sente tirar, sente faltar. Não é preciso um tratado de filosofia Pra se chegar à conclusão efusiva Que uma tesoura corta uma lágrimas E que uma agulha segura a mão De acalmar, de diminuir a enxurrada O tempo urde, enquanto o tear manipula E a catapulta armada investe-nos À vontade é atravessar desertos, Sobrevoar mares, ir mais que o tempo Dele se iludir, e se enganar de novo. Caçadas dentro de mim, já risquei fósforos Iluminado o teu olhar me aquieta Quando me diz é por ali a estrada, Sinto-me desmotivado, me sinto imortal. Se o tempo esconde os presságios bons Os alentos das dores, que não nos põe na mão, As duas feridas, de uma ferida a outra Quatro chagas dissipando-se nos dois lados. O tempo impune, não sei o quê, Aprendi chamá-lo com este nome falso Mas que existe e na passagem rouca Pensa-se tudo, se corre da estrada.