Quando eu era menino A vida era minha namorada. E foi o tempo da melhor amada. A vida também era menina, E brincávamos de viver, Desfazíamos tudo Só para acomodar de novo. Tínhamos tempo para tudo, Até que a vida e eu fomos mudando Eu me esticando E ela se encurtando. E por desavença, numa dessas brincadeiras, Bati nela com uma cadeira, E desencadeou-se um desencanto. Duas caras de espanto. Do meu lado, eu a desfazia, Do seu, ela me agoniava Com seus achaques de pura raiva. E nunca mais nos demos bem, Embora nos abracemos todos os dias, Não passam de normalidades, Um fala e o outro responde. De mim, não há um amor que volta, Dela recebo beijos à toa, Acho que nos esquecemos, um do outro.