O tempo continua sua contagem e ninguém sabe, A que alturas já está, em seu dedilhar acertado, Se o que me resta ainda sonhar, me cabe O querer mudar em mim a sorte, que delicado. Eu ignoro desde quando fazes tuas contas Mas consciente de que a cada dia aponta, Essas mudanças que me fazem afrontas, Pois recontar nos dedos, sabe-se dele pronto. Ah tempo das discórdias resolvidas, mas Ah tempo das feridas inda hoje abertas, Ah tempo destemperado, frágil fugaz, Considera meus ais, nas tuas contas certas. Tempo em que posição estais agora, finda, Em mim o tormento de querer saber de ti, Mostra-me o teu rosto e verei ainda, No crepúsculo um vulto a se espargir. Conta-me de ti, que tudo de nós já sabes, Acertas tuas contas, o que levastes a mais, Ou o que deixastes menos, do que a ti cabes Deixa-me quieto, passa, são só meus ais.