O que me faz contar em versos Ser este prospecto que ninguém ler todo, É uma pressa que conta a minha alma, em desassossego É medo de perder-me enquanto me alongo, Fazendo um simples ponto curvar-se em circunferência. É um temor cruel de que ninguém me entenda, Mesmo que não estenda ao que quero dizer, E disso mais, sendo uma sinopse Escrita, me utilizando do que de bom aflora. Agora mesmo não saberia contar, Que estes versos são escorridos dos dedos, Que a maravilha perdeu-se com ele, Pro fundo foi, na areia se escondeu. Eu escrevo coisas curtas, mas que não são breves, E elas se alteram conforme anda o mundo, Nesta marcha lenta, que a todos engana, E mais faz motivos, e mais guarda lembranças. Quando escrevo torno na margem da direita, Não é temendo um louco desgovernado, vesgo Que do outro lado rasga-se e buzina É que ser preciso nos dois sentidos impossibilita, As palavras cruzarem o tempo e a vida.