Éramos dois donos dos mesmos sonhos, Éramos de nossa mesma luta diária, Éramos de amor, uma grande colônia, Que se refazia nas noites por mãos solidárias. Éramos de pão e vinho, de um Deus que se doara, Éramos como a flor e o espinho, ali chegados, Eram nossas dores partidas ao meio, choradas, Eram nossas as mesmas lágrimas, que nossos olhos molhavam. Éramos como mãos seguras no mesmo cabo, A força depreendida, o que realizávamos, Do estampido amor, dínamo, do tempo arado, Fomos os plantadores dos primeiros ramos. Fomos até hoje crepúsculo, e manhã nascente, Somos complacentes das dores que passam os outros, Somos com a faca e bainha, que se cabem, A não deixar espaço, e somos o ferro e o couro.