Quebra o copo, conta os corpos pelo chão caídos Como cacos espalhados meus entes queridos Chorei mas chorar não vai te trazer de volta Nada pode amenizar a minha revolta Morte certa, hora incerta, fechei os olhos e senti a magia de um velório Eu te imploro, levanta aí desse caixão Pra gente dar um rolê, aperta a minha mão Vamos tomar um garrafão de vô luiz Cada medalha de guerra é uma cicatriz A sua mina discutia contigo mas com certeza Queria tá te ouvindo "cala a boca e me beija" Ou de capacete rosa na garupa da cg Segurando uma caixa de ferrero rocher Não nesse hotel de infinitas estrelas no céu Tendo um coveiro como o seu camareiro fiel Deus ilumine as mãos daqueles homens de branco Que usam máscara e seguram o bisturi Infelizmente não da pra salvar todos os manos E uns param no cemitério do itacorubi A sua mãe agora é só mais uma moradora Que guarda a roupa do seu filho morto no guarda-roupa Quase louca, arrumando o seu quarto, sentindo o seu cheiro Águas mansas não fazem bons marinheiros Quando caí em pedaços, floripa não chorou Não carregou nos braços minha dor Tudo segue como o mar que mareia E apaga vidas como letras na areia Quando caí em pedaços, floripa não chorou Não carregou nos braços minha dor Tudo segue como o mar que mareia E apaga vidas como letras na areia Enterrei a minha pistola antes de alguém me enterrar Cada um pega o seu espeto "vamos ver no que dá"? Alguns são tidos como corajosos só porque tiveram medo de correr e pra ti ver Que a árvore não nega sombra nem ao lenhador O pilantra que atirou, Jesus perdoou? Um abismo chama o outro falou o senhor Sangue vermelho pra tingir uma vidinha sem cor Sou a favor, sem pudor, do canibalismo Se o homem comesse o que matasse não tinha homicídios Vermes pagam de gigante querendo te ver na lama Não entendem o mirante da cidade que não te ama Baixa a aba do boné, mas erga a cabeça Tenha fé no homem de nazaré, não se esqueça Que tu pode não ser ninguém no mundo Porém, tu pode ser o mundo de alguém Sua família e seus amigos são teu talismã Viva como se fosse morrer amanhã Um mergulho na praia, alguns segundos de paz Debaixo d'agua o tempo para é tranquilo demais Não se escuta tiros,gritos, mas tem subir pra superfície e cair na realidade Respirar o ar de floripa city, açorianos maquinados na vida do crime Quem diria o manezinho mudou da água pro vinho Agora é o bandido trilhando o seu caminho Só os mortos,então, verão o fim da guerra Réquiem para um ente querido todo silêncio da terra Quando caí em pedaços, floripa não chorou, não carregou nos braços minha dor Tudo segue como o mar que mareia e apaga vidas como letras na areia Quando caí em pedaços, floripa não chorou, não carregou nos braços minha dor Tudo segue como o mar que mareia e apaga vidas como letras na areia