Quatro polícia na viatura na madruga Resolvem invadir uma favela, na fissura Não pensaram no pior Dinheiro e pó conduzindo a ação - Operação? Não Só uma incursão policial, de rotina Pega traficante de maconha e cocaína Já chegaram pronto pra atirar - Bota as crianças pra dentro que a chapa vai esquentar! Invadiram pela rua principal A pista tava cheia e assustou o pessoal Viatura de portas abertas e fuzis pra fora Desembarcando, botando geral pra ir embora Na ignorância Sem respeito Enquadrando com o bico do fuzil encostado no peito Do morador, do trabalhador Que paga seus impostos pra sofrer terror Na mão de um policial fora de conduta Que distribui porrada e chama de filho da p Encosta na parede, fileira de suspeitos Agente da lei sem identificação no peito Insatisfeito com o salário Policial novo em comportamento arbitrário 762 Destravado, agressivo, descontrolado, todo alterado, mal educado Que vai humilhando a molecada, revista um por um distribuindo coronhada Achou um baseado na mochila de um menor O que já tava agressivo, ficou muito pior Os outros policias começaram a mirar na direção da multidão que não queria se afastar Que foi chegando perto dos moleques, enquadrados Deixando os policiais, encurralados Um que era soldado tava todo suado Assustado, teve alteração de visão Achou que o celular era uma pistola na mão e meteu bala no moleque que caiu todo fodido Com rombo do tamanho de uma laranja na altura do ouvido Ação desastrosa! Deixou o povo revoltado e a cena perigosa Autoridade presunçosa Representação dos maus Matando um inocente, protagonizado o caos Comunidade ficou monstruosa (monstruosa) Furiosa (furiosa) É a faixa de gaza na cidade maravilhosa, maravilhosa Depois que perceberam que a merda tava pronta Chamaram o reforço, a guarnição já tava tonta Já era tarde! Já tiraram foto, compartilharam, mobilizando a comunidade Que começou a chegar pesado, cercando os policias e o corpo do moleque carregado Nego revoltado! O sargento mete dois tiros pro alto pra manter o pessoal afastado Corre, corre, mãe chorando: - Mataram meu filho! Um despreparado puxou o gatilho Destruiu uma família, levou morte pro lugar O sargento dá mais tiros para a rapa se afastar Inútil! Nego tá puto! Mistura com ódio, revolta e luto! O reforço chega, naquela pegada violenta É o batalhão do choque e o jato de pimenta Tiro de borracha, dando cacetada Dispersou a parte que não tava revoltada Quem ficou, atacou Jogou pedra na viatura Alguém tenta dizer que violência não é cura Tarde demais! Chegou os homens de preto Do batalhão de operações especiais Faca na caveira, o rosto coberto Distribuiu porrada em quem tivesse por perto Usando bomba de gás, diminuindo o tumulto A confusão não para, porque nego tá puto! Com o corpo do moleque no chão Minha mãe chorando Vários celulares apontados filmando a cena triste que começaram a postar A foto do moleque segurando o celular Rapidamente passaram uma visão: - Vamos fechar a rua e fazer uma manifestação! O Bope cercou de um lado, mas tava descontrolado O trânsito principal já tava fechado O motorista assustado engatando a marcha ré Começou o quebra quebra, acabou a fé Motorista roubado, para-brisa quebrado Não foi esse o protesto que foi combinado Ficou difícil segurar a multidão Grupo mais nervoso, queria tacar fogo no busão Parou o coletivo, mandou geral descer Meteram gasolina e botaram pra fuder É rápido, o fogo toma conta O ônibus em chama, fogo de ponta a ponta Com a labareda alta, geral saiu correndo O ônibus virou um microondas derretendo Violência gerou mais violência Gente machucada, vida perdida como consequência Naquele desespero com sede de vingança Ninguém se ligou na coroa com uma criança, que ficou no fundo do busão abaixada Morreu toda queimada com a filha abraçada